TEMPOS
Sempre gostei de ouvir histórias e de aprender com as experiências dos outros. Ontem, quando percebi, utilizei, numa conversa de bar, a expressão “na minha época...” (muito jovens fecham logo a cara quando ouvem uma frase que começa assim).
O Mick Jagger, nos shows dos Rolling Stones, para não lembrar o jovem público da sua idade, quando apresenta as músicas, nunca diz o ano e finge até que esquece o nome do álbum. Fala algo como “many, many years ago.” Ele não fala coisas como “fiz essa música quando tinha 69 anos” ou “há cinco décadas que não canto essa música.” Ele (com 71 anos) e os músicos dos Stones ainda se referem uns aos outros como “boys” e falam algo como (especificamente no caso de Keith Richards) “existe algum quarto para mim nesta cidade? ...costumo dizer isso para toda garota.”
Numa sociedade como a capitalista – que predominam a futilidade, o imediatismo e o consumismo -, a idade incomoda (ou a própria pessoa ou aos outros).
Depois que adotei um estilo mais John Constantine (moro e saio sozinho, quando sou abordado, tento ouvir mais do que falar), assumi também umas características de indivíduos mais velhos: fico no meu canto e observo bastante. Quando acho engraçada uma situação, nem sempre dou risadas. Isso passa a impressão que sou mal humorado, o que não é verdade. Eu só não tenho os brilhos nos olhos e os risos fáceis de um adolescente. Além disto, aprendi que o tédio faz parte da vida.
Derek Blasberg, analisando o primeiro encontro de Keith Richards e Patti Hansen, referindo-se ao ano de 1979, afirmou:
“(…) in that pre-Internet era, before everyone knew everything about everyone.”
Pensei: “1979 foi ontem”, mas, ao mesmo tempo, concordei com a sua análise do mundo pré-Internet, quando as notícias chegam imediatamente a todos e qualquer um, do jornalista do New York York Times ao sujeito mais simples na Índia, pode divulgar algo importante (ou não ) para todo o mundo.
Não tenho nada contra Internet. Ao contrário, tornei-me aquilo que pode ser definido como P.O.L. (Persona On Line), ou seja, aquele tipo que “vive” mais on line do que no mundo real. Não é uma opção ruim se forem consideradas as opções que aparecem no cotidiano atualmente.
(*) Derek Blasberg. Patti Hansen on Keith, Drugs & Rock ‘n’ Roll. Hapers Bazaar. Nov 22, 2011. http://www.harpersbazaar.com/celebrity/news/patti-hansen-interview-1211?click=main_sr
© profelipe ™ 15-08-2014
Sempre gostei de ouvir histórias e de aprender com as experiências dos outros. Ontem, quando percebi, utilizei, numa conversa de bar, a expressão “na minha época...” (muito jovens fecham logo a cara quando ouvem uma frase que começa assim).
O Mick Jagger, nos shows dos Rolling Stones, para não lembrar o jovem público da sua idade, quando apresenta as músicas, nunca diz o ano e finge até que esquece o nome do álbum. Fala algo como “many, many years ago.” Ele não fala coisas como “fiz essa música quando tinha 69 anos” ou “há cinco décadas que não canto essa música.” Ele (com 71 anos) e os músicos dos Stones ainda se referem uns aos outros como “boys” e falam algo como (especificamente no caso de Keith Richards) “existe algum quarto para mim nesta cidade? ...costumo dizer isso para toda garota.”
Numa sociedade como a capitalista – que predominam a futilidade, o imediatismo e o consumismo -, a idade incomoda (ou a própria pessoa ou aos outros).
Depois que adotei um estilo mais John Constantine (moro e saio sozinho, quando sou abordado, tento ouvir mais do que falar), assumi também umas características de indivíduos mais velhos: fico no meu canto e observo bastante. Quando acho engraçada uma situação, nem sempre dou risadas. Isso passa a impressão que sou mal humorado, o que não é verdade. Eu só não tenho os brilhos nos olhos e os risos fáceis de um adolescente. Além disto, aprendi que o tédio faz parte da vida.
Derek Blasberg, analisando o primeiro encontro de Keith Richards e Patti Hansen, referindo-se ao ano de 1979, afirmou:
“(…) in that pre-Internet era, before everyone knew everything about everyone.”
Pensei: “1979 foi ontem”, mas, ao mesmo tempo, concordei com a sua análise do mundo pré-Internet, quando as notícias chegam imediatamente a todos e qualquer um, do jornalista do New York York Times ao sujeito mais simples na Índia, pode divulgar algo importante (ou não ) para todo o mundo.
Não tenho nada contra Internet. Ao contrário, tornei-me aquilo que pode ser definido como P.O.L. (Persona On Line), ou seja, aquele tipo que “vive” mais on line do que no mundo real. Não é uma opção ruim se forem consideradas as opções que aparecem no cotidiano atualmente.
(*) Derek Blasberg. Patti Hansen on Keith, Drugs & Rock ‘n’ Roll. Hapers Bazaar. Nov 22, 2011. http://www.harpersbazaar.com/celebrity/news/patti-hansen-interview-1211?click=main_sr
© profelipe ™ 15-08-2014