Já comentei em vários textos sobre o tipo de reação que uma mulher pode provocar num homem. Sempre tive o cuidado de alertar que toda mulher tem o direito de se vestir como quiser e que seria um erro colocar a culpa na vítima no caso do estupro.
Duas coisas complicam bastante esse processo: machismo e consumismo. Os meninos são criados para “caçar” e serem sempre “homens”, o que significaria utilizar a violência quando fosse necessária. A educação machista – explícita ou não – é passada adiante por homens e mulheres nas famílias, religiões, filmes, propagandas, enfim, em praticamente todo lugar.
O machismo associado ao consumismo resulta em uma espécie de “bomba-relógio”. Os meninos crescem imaginando que aquilo que veem na televisão (por exemplo, nas propagandas de cerveja), um dia acontecerá na vida deles. Não vai. Realizar um desejo – inclusive sexual – não é tão simples como aquilo que é anunciado numa propaganda para vender um produto.
A consequência de tudo isso (para os garotos) pode ser resumida em uma palavra: frustração. Nas festas, nos bares, nas faculdades, em qualquer lugar, as garotas que eles desejam os humilham e, pior, ficam com outros caras.
A rejeição causa frustração e a frustração alimenta uma espécie de vingança. Socialmente, chamam isso de misoginia, ou seja, ódio ou rejeição a tudo que diz respeito ao universo feminino. Acredito que o processo seja mais complexo do que isso, afinal, não é algo só sexual, ou seja, o sexo é usado ideologicamente para se obter outros resultados (como vender produtos).
Todo esse debate reapareceu com o recente caso do Elliot Rodger. Ele postava vídeos no You Tube falando de sua frustração diante da rejeição das mulheres. Ele ia a um psiquiatra. Semanas antes de cometer os assassinatos, Rodger foi denunciado pela família à polícia. Na delegacia, os policiais o entrevistaram e concluíram que se tratava de “um ser humano maravilhoso, perfeitamente educado e gentil.” (The Guardian, 25 May 2014)
Deve ser lembrado aqui o caso de um policial do Canadá que, num julgamento sobre estupro, teria afirmado que a garota não poderia esperar outra coisa por causa da maneira que ela estaria vestida. É machismo.
É dito que as garotas atuais se vestem e se comportam como prostitutas em lugares públicos. Alimentariam os desejos masculinos. Entretanto, quando os homens vão abordá-las, são rejeitados, o que causaria revolta e vontade de vingança, como tentar o estupro ou mesmo o assassinato.
Em suas declarações no You Tube, Elliot Rodger teria afirmado:
“A faculdade é a época que todo mundo experimenta coisas como sexo e diversão e prazer, mas nesses anos eu tive que enfrentar a solidão... Eu não sei por que vocês garotas não se sentem atraídas por mim, mas eu punirei todas vocês.
(...) Vocês me fizeram sofrer durante toda a minha vida, agora eu as farei sofrer. Eu esperei bastante tempo para isso. Eu darei a vocês exatamente aquilo que merecem. Todas as garotas que me rejeitaram, olharam para mim de cima para baixo, me trataram como lixo enquanto se entregavam a outros homens.” (The Guardian, 25 May 2014)
Um homem, dificilmente, admitiria que já pensou em algo assim. Entretanto, trata-se de uma farsa. A rejeição e a frustração podem gerar os piores planos de vingança. Se isso acontece num país como os Estados Unidos, que existe o livre acesso às armas, um caso como o de Elliot Rodger não deveria causar surpresa.
Quando eu era adolescente, numa “grande festa” no Cajubá, num canto, conversando com um amigo (os dois sem namoradas e frustrados) e diante de muitas garotas bonitas (e todas aparentando serem muito felizes naquela noite), ouvi: “cara, eu queria ter uma metralhadora para sair atirando em todos aqui.” Ele não era e não tornou-se um psicopata. Atualmente é casado e com filhos e (ironicamente) mora nos Estados Unidos.
Em termos práticos, esse debate basicamente revela:
. não é um caso isolado, é um problema social;
. as mulheres possuem todos os direitos e devem ser respeitadas sempre, mas, ao mesmo tempo, não podem se comportar como ingênuas diante do que podem provocar nos homens em certos ambientes.
Trata-se, obviamente, do meu ponto de vista. É assim que vejo o problema.
Duas coisas complicam bastante esse processo: machismo e consumismo. Os meninos são criados para “caçar” e serem sempre “homens”, o que significaria utilizar a violência quando fosse necessária. A educação machista – explícita ou não – é passada adiante por homens e mulheres nas famílias, religiões, filmes, propagandas, enfim, em praticamente todo lugar.
O machismo associado ao consumismo resulta em uma espécie de “bomba-relógio”. Os meninos crescem imaginando que aquilo que veem na televisão (por exemplo, nas propagandas de cerveja), um dia acontecerá na vida deles. Não vai. Realizar um desejo – inclusive sexual – não é tão simples como aquilo que é anunciado numa propaganda para vender um produto.
A consequência de tudo isso (para os garotos) pode ser resumida em uma palavra: frustração. Nas festas, nos bares, nas faculdades, em qualquer lugar, as garotas que eles desejam os humilham e, pior, ficam com outros caras.
A rejeição causa frustração e a frustração alimenta uma espécie de vingança. Socialmente, chamam isso de misoginia, ou seja, ódio ou rejeição a tudo que diz respeito ao universo feminino. Acredito que o processo seja mais complexo do que isso, afinal, não é algo só sexual, ou seja, o sexo é usado ideologicamente para se obter outros resultados (como vender produtos).
Todo esse debate reapareceu com o recente caso do Elliot Rodger. Ele postava vídeos no You Tube falando de sua frustração diante da rejeição das mulheres. Ele ia a um psiquiatra. Semanas antes de cometer os assassinatos, Rodger foi denunciado pela família à polícia. Na delegacia, os policiais o entrevistaram e concluíram que se tratava de “um ser humano maravilhoso, perfeitamente educado e gentil.” (The Guardian, 25 May 2014)
Deve ser lembrado aqui o caso de um policial do Canadá que, num julgamento sobre estupro, teria afirmado que a garota não poderia esperar outra coisa por causa da maneira que ela estaria vestida. É machismo.
É dito que as garotas atuais se vestem e se comportam como prostitutas em lugares públicos. Alimentariam os desejos masculinos. Entretanto, quando os homens vão abordá-las, são rejeitados, o que causaria revolta e vontade de vingança, como tentar o estupro ou mesmo o assassinato.
Em suas declarações no You Tube, Elliot Rodger teria afirmado:
“A faculdade é a época que todo mundo experimenta coisas como sexo e diversão e prazer, mas nesses anos eu tive que enfrentar a solidão... Eu não sei por que vocês garotas não se sentem atraídas por mim, mas eu punirei todas vocês.
(...) Vocês me fizeram sofrer durante toda a minha vida, agora eu as farei sofrer. Eu esperei bastante tempo para isso. Eu darei a vocês exatamente aquilo que merecem. Todas as garotas que me rejeitaram, olharam para mim de cima para baixo, me trataram como lixo enquanto se entregavam a outros homens.” (The Guardian, 25 May 2014)
Um homem, dificilmente, admitiria que já pensou em algo assim. Entretanto, trata-se de uma farsa. A rejeição e a frustração podem gerar os piores planos de vingança. Se isso acontece num país como os Estados Unidos, que existe o livre acesso às armas, um caso como o de Elliot Rodger não deveria causar surpresa.
Quando eu era adolescente, numa “grande festa” no Cajubá, num canto, conversando com um amigo (os dois sem namoradas e frustrados) e diante de muitas garotas bonitas (e todas aparentando serem muito felizes naquela noite), ouvi: “cara, eu queria ter uma metralhadora para sair atirando em todos aqui.” Ele não era e não tornou-se um psicopata. Atualmente é casado e com filhos e (ironicamente) mora nos Estados Unidos.
Em termos práticos, esse debate basicamente revela:
. não é um caso isolado, é um problema social;
. as mulheres possuem todos os direitos e devem ser respeitadas sempre, mas, ao mesmo tempo, não podem se comportar como ingênuas diante do que podem provocar nos homens em certos ambientes.
Trata-se, obviamente, do meu ponto de vista. É assim que vejo o problema.